sexta-feira, 11 de julho de 2008

rosa sangue

imagino um quadro
de luz branca
tão branca
que ofusca a razão.
nele, uma mulher
deitada em abandono
tão só.
os braços descaídos
as pernas tão belas
um corpo perfeito
desvendado pelo vestido
transparente e branco
tão branco
que perdi o sentido de orientação.
nuns olhos tão lindos
um olhar perdido
sem ver futuro.
estendo-lhe a mão
e toco-lhe na pele ceráfica
tão branca
que toquei em neve.
senti a humidade

o abismo
a impotência.
o quadro é real!

e a realidade era vermelho
tão vermelho
como sangue vivo.


o vestido já não estava branco,
só a pele.
e veio o desejo:
imaginei ser o heroí,
aquele capaz de mudar destinos.
ela é tão jovem, merece o futuro
merece-o como todos nós.

ela não sonha, está a viver o presente.
quem não pertence aqui sou eu
o meu mundo é de rosas brancas
onde, com pouca coragem, se vive...

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A minha foto
Porto e Ponta Delgada, Douro - o Mar - Açores, Portugal
por cá ando... resultado da junção ocasional entre um espermatozoíde e um óvulo, nos finais de 1969, início de 1970, que deu fruto e cresceu (de forma bastante substancial) e que tem como objectivo maior: (pro)criar... ou pelo menos tentar.